A ideia de convidar acadêmicos, advogados, empresários e
profissionais liberais para debater a necessidade de mediação de conflitos partiu
da AAL - Associação Acadêmica Luverdense em parceria com a CDL - Câmara de
Dirigentes Lojistas. O evento aconteceu no auditório da OAB na noite da última
terça-feira, (03) e reuniu um bom público.
"Hoje Lucas do Rio Verde é formadora de mão de obra.
Aqui temos várias instituições de ensino superiores e aproximadamente 400
acadêmicos se deslocam diariamente de Lucas do Rio Verde a Sorriso pra buscar
qualificação profissional. E nada mais justo que em todas as áreas saber como
resolver, como solucionar um problema e, acima de tudo, obter lucro com
isso", explicou o presidente da AAL, jornalista Robson Alex, citando que a
mediação surgiu como uma ferramenta que pode acelerar o fim de litígios,
desobstruindo o Judiciário nacional.
O presidente da CDL, Petronílio de Souza, lembrou que a
mediação está prevista em lei desde no ano de 2016, quando foi promulgada pelo
governo federal. Ele lembrou que atualmente são muitos problemas existentes no
comércio. De acordo com o presidente, em torno de 63 milhões de pessoas estão
com os CPFs negativados no país. "Em Mato Grosso temos em torno de 1,4
milhão nessa condição. E a gente percebe que muitas vezes o comércio negativa e
vai deixando ali, porque se judicializar além de demorar mais tempo também tem
custo e aí vai deixando, acumulando", observou o presidente, destacando
que a CDL é interessada em que essas questões sejam solucionadas, beneficiando
o comércio. "Com certeza será mais um recurso que o empresário terá uma
maneira mais simples de resolver essa questão de valores menores, que muitas
vezes o empresário acha que não é possível levar ao Fórum que poderia ser
solucionada por meio dessa mediação".
Para a advogada Djenane Nodari, ainda há um pouco de
resistência na busca das mediações extrajudiciais. Ela explica que a OAB apoia
essa ferramenta, por considerar fundamental para dar celeridade ao fim do
litígio. "Nós sabemos, na atualidade, que há um acúmulo de processos,
temos um poder judiciário um pouco que ineficiente em relação ao aparato, há
pouco pessoal, muito processo, muita demanda e isso acaba abarrotando. E os
métodos extrajudiciais de solução de conflito vêm a melhorar, um desafogamento
e segurança para as partes que possam ter seus problemas resolvidos de uma
forma mais tranquila e em tempo menor", analisou.
Em Sorriso, uma empresa está credenciada a fazer as
mediações há três anos. Fabiana Freitas, responsável pela Mediate, as maiores
demandas da empresa, que está habilitada também para atuar no âmbito judicial,
são extrajudiciais. Ela citou que o objetivo do bate papo é mostrar que boa
parte dos conflitos podem ser solucionados sem a necessidade de acessar o
judiciário. "Ainda são métodos
relativamente novos no Brasil, novos em termos de legislação, apesar de muitos
advogados e profissionais atuarem nesse processo de acordo, conciliações,
buscando alternativas para solucionar seus conflitos de forma particular",
comentou Fabiana, assinalando que os advogados que passam a utilizar a
conciliação têm se mostrado satisfeitos com a iniciativa.
A advogada Rebeka Vieira atua em uma empresa que trabalha
com mediação de conflitos. Ela destaca que a preocupação é orientar os
operadores do direito sobre como e em que condições conduzir mediações de
conflitos e de que forma os escritórios e clientes podem ser beneficiados com a
prática. "A nossa intenção é trazer essa perspectiva aos advogados,
mostrando de que forma eles podem estar atuando e utilizar a mediação de
conflitos como uma nova forma de resolução para os conflitos. Que a gente saia
daquele paradigma que é só o Judiciário e oferecer outras possibilidades aos
nossos clientes que nos buscam como solucionadores de conflitos", pontuou.
Na era da informação em tempo real e trabalhando contra o
tempo, a possibilidade de mediação e solução de conflito pode, sim, gerar
lucros às partes envolvidas.